O Joker que não é um Joker
Maio 12, 2014
Manuel Soares de Oliveira
Ainda na década de 90 tive a oportunidade de participar numa das minhas primeiras campanhas. Na altura, trabalhava como Copy, numa agência que se chamava Cinevoz. A Cinevoz era umas das mais antigas agências de publicidade e tinha criado algumas das mais marcantes campanhas do seu tempo.
O concurso publicitário era para a Santa Casa que iria lançar um novo jogo, o Joker.
A nossa proposta, que acabou vencedora, baseava-se não num Joker, mas num Jack-in-the-Box. Até hoje, poucas pessoas terão reparado nessa diferença. Mas o mais curioso dessa campanha foi a assinatura que eu criei e que foi a escolhida: Simples de Jogar, Fácil de Ganhar. O conceito parecia brilhante: era simples de jogar pois bastava acrescentar uma cruz no boletim do totoloto e seria fácil de ganhar pois para ganhar um prémio bastava acertar em pelo menos dois números da terminação. Visto desta maneira iria haver milhares de premiados.
No entanto, ninguém está interessado em pequenos prémios, mas sim no prémio grande. E o pior é que nas três primeiras semanas não houve vencedor para o primeiro prémio e os jackpots iam se acumulando com grande destaque nas notícias. Tínhamos assim que o slogan prometia que era "Fácil de Ganhar" e no entanto as notícias eram de que o primeiro prémio não saia a ninguém.
Ainda hoje o Jack-in-the-Box /Joker é visto em muitas casas de aposta da Santa Casa, sinal que o mascote se tornou um símbolo popular. Nem tudo estava errado na minha campanha.
A campanha foi criada pelo meu grande amigo Rui Moura que foi o art director e pelo Rui Calado que era o copy e o Director Criativo foi o José Roldão.